Autor: Anthony Burgess
Editora: Aleph
Classificação: 4/5
"Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de "1984", de George Orwell, e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, "Laranja Mecânica" é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo.Agora em nova tradução brasileira."
Devo confessar que é meio amedrontador fazer resenhas de livro como Laranja Mecânica. Não só o tema, mas a narrativa detalhada e confusa de um jeito extremamente encantador, nos faz entrar tanto na realidade do livro que tenho medo de dizer alguma coisa contraditória demais. Mas, pensando bem, essa é exatamente a essência de uma estória como essa.
Durante toda a trajetória de Alex, o vilão-mocinho , mudamos de opinião e de sentimentos em relação a ele. No começo, sentimos muita raiva misturada com medo devido a tanta violência que o menino de apenas 14 anos comete. Com uma peculiar frieza e agressividade extrema, Alex é totalmente violento e tem prazer no sofrimento dos outros. Estupros, roubos, espancamentos, entres outros são alguns dos "passatempos" desse garoto. Achei que o livro inteiro seria apenas relatos das atitudes que Alex e sua gangue de adolescente malignos e pervertidos tinham, mas devo dizer que tive uma agradável surpresa. Mesmo com as brutalidades que Alex comete, nos vemos com pena desse rapaz quando o Governo se mostra muito mais desumano. E é exatamente aí que as coisas mudam e o livro toma um outro rumo. Alex é submetido a uma nova técnica para "curar" jovens delinquentes como ele, porém de uma forma totalmente impiedosa que transforma um ser humano numa simples "coisa" sem capacidade de escolha. Durante essa transição de opinião, entre sentir raiva ou compaixão pelo personagem, várias questões são levantadas. Será que o jeito certo de acabar com a violência, é realmente mais violência? E implantar compulsoriamente o bem em alguém, é uma atitude realmente do bem?
Acrescentando obscuridade ao livro, o autor usa uma linguagem própria para representar o modo de falar de adolescentes. Chamada de nadsat, são gírias usadas pelo protagonista que são de difícil entendimento. Por mais que essa fosse exatamente a intenção de Anthony Burgess ("a intenção original de Burgess era provocar uma forte sensação de estranhamento no leitor, talvez como se ele fosse um velho jogado subitamente em um mundo mais jovem, mais violento e absolutamente incompreensível") foi complicado no começo, já que toda hora precisei recorrer ao glossário no final do livro. Mas, curiosamente, fui entendendo as palavras e quase que adivinhando as falas de Alex. Ou seja, o autor realmente me fez entrar nesse mundo.
Por mais maluco e violento que seja, Laranja Mecânica é um livro de tirar o fôlego e que mexe com a mente de um jeito muito interessante e que merece ser lido por qualquer um. A sociedade, o sujeito na sociedade, o quanto representamos para o nosso mundo, tudo isso será questionado de forma involuntária. Impressionante e enigmático, é um livro longe de clichês e que com certeza você iria amar. Ou odiar. Meio termo passa longe dessa história.
PS: Laraja Mecânica ficou muito conhecido pelo filme. Pretendo assistir e vir aqui comentar para vocês ok?
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